Fundado em 20 de fevereiro de 2025, no Ceará, o Arquivo Lucy Parsons nasce como resposta à dolorosa ausência do debate teórico sobre o sindicalismo revolucionário no Brasil. Historicamente, esse movimento foi deliberadamente silenciado por um aparato estatal e por forças que perpetuaram modelos centralizadores e repressivos, apagando as experiências e contribuições de lutas que buscavam uma autogestão profunda e a emancipação dos trabalhadores.
Originário do movimento militante que impulsiona a reconstrução do sindicalismo revolucionário no Brasil, especialmente no Ceará, o projeto inicia sua trajetória prioritariamente no ambiente virtual, com a firme perspectiva de, em breve, transpor essa existência para espaços físicos. Essa transição simboliza o esforço de reconectar passado e presente, teoria e prática, resgatando narrativas marginalizadas e construindo novos horizontes para a organização sindical.
Inspirado pelo legado de Lucy Parsons — sindicalista revolucionária que participou da histórica revolta da Praça Haymarket, em Chicago, episódio que culminou na instituição do 1º de maio como Dia Internacional dos Trabalhadores, e que teve papel fundamental na fundação da IWW — o arquivo propõe-se a ser um espaço de reflexão crítica e resistência. Cada documento, testemunho e análise presente convida à reavaliação das estratégias e ideais que, historicamente, desafiaram os modelos hegemônicos. Em um país marcado por intensas disputas por reconhecimento e poder, o Arquivo Lucy Parsons reafirma a importância de manter viva a chama da tradição sindicalista revolucionária, incentivando o diálogo e a ação coletiva como caminhos indispensáveis para a transformação social.
Funções do Arquivo Lucy Parsons
Um arquivo sindicalista revolucionário deve cumprir múltiplas funções, articulando preservação, produção e difusão do conhecimento histórico e político vinculado à luta dos trabalhadores. Para isso, o Arquivo Lucy Parsons assume os seguintes eixos de atuação:
Intervenção Militante: Criar pontes entre a pesquisa histórica e a luta concreta, fortalecendo as experiências organizativas de base e contribuindo para a formulação de estratégias que articulem passado, presente e futuro na luta dos trabalhadores.
Preservação da Memória: Reunir, organizar e disponibilizar documentos históricos, jornais operários, registros de lutas e experiências de base, garantindo que a memória do sindicalismo revolucionário não se perca.
Produção de Conhecimento: Desenvolver análises, resgatar trajetórias, traduzir textos fundamentais e promover o debate teórico, fortalecendo o arcabouço crítico necessário para a reconstrução dessa tradição.
Formação e Difusão: Realizar atividades educativas, cursos, encontros e publicações que estimulem a reflexão e a prática sindicalista revolucionária em distintos espaços de organização dos trabalhadores.