Notas da tradução
Em 2023, o coletivo Angry Education Workers (AEW) produziu o texto que aqui foi traduzido pelo Arquivo Lucy Parsons, em 2025, com leves adaptações para o contexto brasileiro. O AEW constrói a IWW, particulamente através do Comitê Organizador dos Trabalhadores da Educação de Washington DC.
O texto original era literalmente “Uma auto-investigação dos trabalhadores da educação” e aqui foi adaptado para “Um questionário dos trabalhadores da educação” para traduzir a intenção dele ser utilizado não de maneira individual, mas coletiva em estudos sindicais e acompanhamentos de militantes. Não objetivamos, como o AEW, produzir uma pesquisa massiva dos trabalhadores da educação pela internet. Pensamos mais nas possibilidades de uso um a um no trabalho de base.
Não se pode deixar de evidenciar que este questionário é o desenvolvimento do texto “O Inquérito Operário” de Karl Marx, publicado na La Revue socialiste em 20 de abril de 1880. Este texto influenciou toda uma geração italiana no movimento operaista da década de 1970. Vale a pena conhecer.
Uma consulta aos trabalhadores
Construir poder com seus colegas de trabalho não é fácil. É mais como estar em uma organização secreta e clandestina. Quer seu objetivo seja criar um sindicato formal no local de trabalho ou não, os chefes não reagem bem a qualquer resistência coletiva dos trabalhadores. Antes de pensar em partir para a ofensiva contra seu chefe de merda, você (e seus colegas de trabalho) precisa entender como ele o explora. Isso significa fazer e responder perguntas substanciais sobre seu local de trabalho – recomendamos manter um caderno onde possa registrar tudo isso. Não deixe que isso caia em mãos erradas.
Um dos conjuntos de informações mais importantes a serem obtidas parece muito mais simples do que realmente é: descobrir quem trabalha com você. O capitalismo reúne um grande número de pessoas de todas as origens para trabalharem juntas a fim de gerar lucros para os chefes e os políticos. O setor de educação superior possui uma forte presença do ensino privado. Em 2022, o total de matrículas cresceu 5,1% em relação a 2021, com a rede privada representando 78% do total. O setor de educação básica, ainda que em maioria sob a gestão pública, tem um faturamento de R$ 84 bilhões no ano de 2023. Isso se dá pela investida de fundações, organizações sociais e outras entidades de direito privado.
Como todoo esse dinheiro, seus chefes temem que você coopere fora da supervisão direta deles. Na maioria das vezes, estes patrões não conseguem manter esse nível de vigilância ativa. Eles gostam demais de seus escritórios. É por isso que eles são tão cuidadosos em manter um controle rígido sobre as informações do local de trabalho dentro desses escritórios. Somos separados e divididos por departamento, cargo, nível de escolaridade, turno, local de trabalho e status. Além de nossas diferenças raciais, religiosas, de gênero, políticas ou culturais. Nossos chefes contam com que estas diferenças nos distancie mais do que a exploração nos une.
Um grande pesadelo para estes proprietários seria os trabalhadores começarem a investigar suas condições entre si. O conhecimento gerado por nós e para nós nos dá maneiras tangíveis de formular os próximos passos concretos para a construção da solidariedade entre você e seus colegas de trabalho de todas as origens. É assim que podemos mudar a balança do poder em nossos locais de trabalho. Vamos submeter nossos locais de trabalho e economias locais a uma crítica implacável. Isso significa compreender os impactos negativos de nossas instituições juntamente com as contribuições positivas que elas fazem. Primeiro, devemos construir relacionamentos com nossos colegas de trabalho e estudar nossos empregos por meio de uma lente científica.
Devemos tentar iniciar uma pesquisa desse tipo com os poucos recursos que temos à nossa disposição. Somente nós podemos descrever com pleno conhecimento de causa os infortúnios que sofremos. Somente nós – e não especialistas como pesquisadores da educação, acadêmicos e jornalistas, ou burocratas de agências governamentais – podemos começar a curar os males sociais dos quais nós e nossas comunidades somos vítimas.Margaret Haley resumiu de forma eloquente o motivo em seu discurso de 1904 na convenção da Associação Nacional de Educação, intitulado “Why Teachers Should Organize” (Por que os professores devem se organizar):
Dois ideais estão lutando pela supremacia na vida americana hoje: um é o ideal industrial dominante por meio da supremacia do comercialismo, que subordina o trabalhador ao produto e à máquina; o outro, o ideal da democracia, o ideal dos educadores, que coloca a humanidade acima de todas as máquinas e exige que toda atividade seja a expressão da vida. Se esse ideal dos educadores não puder ser levado para o campo industrial, então o ideal do industrialismo será levado para a escola. Esses dois ideais não podem continuar a existir na vida americana, assim como nossa nação não poderia continuar sendo metade escrava e metade livre. Se a escola não puder trazer alegria para o trabalho do mundo, a alegria deve sair de sua própria vida, e o trabalho na escola, assim como no campo industrial, se tornará um trabalho árduo.
De fato, será bom se os professores tiverem a coragem de suas convicções e enfrentarem tudo o que os sindicatos enfrentaram com a mesma coragem e perseverança.
Nosso autoconhecimento e compreensão constroem solidariedade e desmistificam as formas como nossos inimigos, os patrões, exploram nosso trabalho e roubam nosso tempo. Ao fazermos isso, pegamos as formas de organização impostas a nós por nossos chefes e começamos a construir nossas próprias estruturas no local de trabalho. Também o incentivamos a compartilhar as informações que você e seus colegas de trabalho descobrirem com um organizador. Uma das maneiras pelas quais o Comitê Organizador dos Trabalhadores da Educação de Washington DC – IWW facilita o poder dos trabalhadores é atuando como organizadores externos que podem ajudá-lo na forma de ligações regulares repletas de conselhos práticos e próximas etapas concretas. Somente por meio da comunicação entre locais de trabalho, empresas e distritos é que podemos chegar a uma verdadeira compreensão das lutas, demandas e sonhos comuns que compartilhamos como uma classe de trabalhadores no setor educacional.
A League of Black Revolutionary Workers (Liga dos Trabalhadores Negros Revolucionários), em Detroit, nas décadas de 1960 e 1970, demonstrou como isso pode aumentar o poder dos trabalhadores. Naquela época, os trabalhadores negros da cidade estavam criando Movimentos Sindicais Revolucionários (RUMs) em fábricas. Quase todos eles publicavam um ou mais jornais. Os trabalhadores descobriram que só sabiam o que estava acontecendo em suas próprias fábricas. Os jornais de e para os trabalhadores do setor automotivo romperam essas barreiras. O coletivo político Angry Workers, no Reino Unido, e o Virginia Worker, nos EUA, testaram ainda mais essa ideia do jornal dirigido por trabalhadores. Em 2006, professores sindicalistas e membros da comunidade desapropriaram não apenas as escolas, mas a maioria das estações de rádio e televisão no estado mexicano de Oaxaca. Mais atrás, no século XIX e no início do século XX, jornais locais escritos e publicados por pessoas da classe trabalhadora enchiam os bairros urbanos. Ser capaz de pesquisar com nossas próprias ferramentas e falar com nossas próprias vozes é um ato revolucionário.
Este manual em forma de andaime tem o objetivo de ajudá-lo em sua própria autoinvestigação. Recomendamos que você comece a conversar com seus colegas de trabalho sobre questões no trabalho e use essas perguntas. Elas acontecem com frequência, mas não constantemente. Enquanto isso, tente manter conversas individuais com os colegas de trabalho. Os espaços para os funcionários e as salas de aula costumam funcionar, mas o ideal é que elas ocorram fora do trabalho, mesmo que seja virtual ou por telefone. Depois de ter um grupo de colegas de trabalho que se reúne regularmente para discutir a solução de problemas com ação coletiva, você pode apresentar as perguntas relevantes ao comitê. Dessa forma, você pode colaborar para responder a perguntas nas quais talvez não tenha pensado sozinho. Ou adicionar dados mais completos e descobrir novas maneiras de pensar sobre os problemas.
Responda somente às perguntas relevantes para você. Você não precisa responder a todas as perguntas. Ou respondê-las ao mesmo tempo. Pule e retorne a elas conforme for melhor para você. Responda com o máximo ou o mínimo de detalhes que desejar. Se você quer escrever oito páginas em resposta a uma pergunta, que seja. Em muitas dessas perguntas, você terá de fazer pesquisas e investigações em seu local de trabalho físico.
As perguntas estão divididas em várias categorias. Algumas delas são para os diferentes tipos de trabalhadores do setor. Entretanto, muitas delas se sobrepõem. Por exemplo, a pergunta sobre subsídios e financiamento feita sobre escolas poderia facilmente ser aplicada a bibliotecas e museus.
Em suma, este questionário cumpre o papel de mapear do terreno onde se inicia o processo de organização a partir da condição de classe do trabalhador que responde a ele. Essa condição de classe não vem escrita debaixo de nosso pé, ela é revelada ao passo que refletimos criticamente sobre nossa situação. Assim construímos uma leitura do mundo que é o ponta pé para o processo de transformação social.
Questionário
Perguntas gerais
1. Qual é sua função no trabalho?
2. Onde você trabalha? Em que cidade? Em que bairro?
3. Você trabalha em uma escola, museu, biblioteca ou arquivo?
4. Você está classificado como equipe de apoio (zeladores, seguranças, manutenção, auxiliares dedicados, cuidadores, etc.)?
5. Qual é a composição da força de trabalho em termos de idade, gênero, raça, religião, etc.? Reúna uma lista completa de seus colegas de trabalho e informações de contato fora do trabalho. Uma planilha é uma ótima maneira de manter o controle dessas informações.
6. Há trabalho suficiente para sua existência ou você é forçado a combiná-lo com um segundo ou terceiro emprego? Se você tem outro emprego, qual é ele? Quando você o exerce?
7. Você trabalha com as mãos, com a cabeça ou com a ajuda de máquinas? Todos os três?
8. Quantos funcionários há?
9. Informe o número de administradores e outros funcionários que não são trabalhadores contratados.
10. Quais funcionários de base têm relações próximas com a gerência/administração?
11. Você trabalha no edifício por meio de agências de recrutamento ou em outras formas de contrato/emprego temporário?
12. Quanto tempo você perde em seu trajeto? Como você chega ao trabalho? Você pode morar na comunidade em que leciona? Se sim, você tem dificuldades na morada?
13. Quais são as condições gerais de vida físicas, intelectuais e morais dos trabalhadores empregados em seu comércio ou indústria?
14. Se você trabalha em casa, descreva as condições de sua sala de trabalho. Você usa apenas ferramentas de trabalho ou computadores? Você recorre à ajuda de seus filhos ou de outras pessoas? Você trabalha para clientes particulares ou para um empregador? Você lida com eles diretamente ou por meio de um agente?
15. A equipe de Tecnologia da Informação (TI) é empregada no local ou é terceirizada? Há uma empresa de gerenciamento que os emprega diretamente?
16. Compare o preço das mercadorias que você fabrica ou dos serviços que presta com o seu salário.
Perguntas para e sobre a equipe de suporte
17. Se você faz parte da equipe de apoio de uma escola, biblioteca ou museu, como descreveria a relação entre a equipe de instrução e a equipe de apoio?
18. A administração o trata de forma diferente da equipe de ensino?
19. Se o trabalho é realizado tanto à noite quanto de dia, qual é a ordem dos turnos? Que tipo de comunicação existe entre os turnos?
20. São oferecidas horas extras obrigatórias ou voluntárias? As horas extras variam de acordo com a estação do ano?
21. Alguma equipe de apoio é terceirizada ou contratada diretamente pela instituição em que você trabalha?
22. Se você for um guarda de travessia, quais são os perigos pessoais que você enfrenta no trânsito? Você normalmente trabalha em outra função?
23. Como é feito o transporte de alunos e ônibus? Onde os ônibus ficam estacionados? Para onde eles são levados para manutenção e abastecimento?
24. Você recebe a mesma visibilidade e reconhecimento que a equipe de ensino recebe da instituição?
25. Qual é a taxa de rotatividade da equipe de apoio em comparação com a equipe de ensino?
26. Há uma equipe de manutenção no local ou você é contratado externamente?
Perguntas para e sobre funcionários da escola
27. Se você trabalha em uma escola: Seu local de trabalho educacional faz parte de um distrito escolar público tradicional? Ou você trabalha em uma situação de escola público-privada, particular ou alternativa?
28. Se você trabalha em uma escola alternativa: Quais grupos possuem poder de decisão sobre sua escola? Como o caso das escolas filantrópicas.
29. Quem faz parte do conselho escolar? Quais são suas conexões com corporações, órgãos governamentais ou fundações potencialmente irresponsáveis?
30. Com que faixa etária/níveis de ensino você trabalha?
31. Quem faz parte dos conselhos municipais/estaduais de educação?
32. Quem são os doadores da instituição? A escola depende de subsídios para manter determinados programas em funcionamento?
33. Há voluntários, estagiários e professores estudantes? Quantos?
34. Sua escola oferece orçamento adequado para a compra de suprimentos? Você já teve de gastar seu próprio dinheiro em suprimentos? (Se sim, quanto?)
35. Quantos cuidadores de crianças com necessidades especiais há em sua escola? Essa quantidade é suficiente para gerenciar seus casos de forma eficaz e cuidadosa?
36. Com que frequência você apresenta relatórios em casos em que suspeita de abuso ou negligência infantil? Você já se absteve de fazer a denúncia porque há muitos casos em que suspeita de abuso ou negligência? Você já se absteve de registrar porque achou que a resposta do Estado causaria mais danos à criança?
37. Se você for um substituto, professor de sala de aula ou outro tipo de funcionário da escola forçado a cobrir aulas extras, você deve ser pago por esse trabalho? Existe uma maneira clara de documentar o tempo de trabalho que você dedicou? Os pagamentos são feitos de fato?
38. Como seu salário se compara ao de outros professores substitutos e ao de professores que não são substitutos?
39. Quantos professores de sala de aula ou outra equipe de instrução são certificados?
40. De onde vem o currículo?
41. Se você trabalha em uma escola como professor, você tem controle sobre o que ensina? Há um currículo com roteiro que você deve seguir? Autonomia sem apoio curricular da escola? Existem diferenças por matéria?
42. Se houver um currículo com roteiro, os professores o seguem?
43. Como os alunos são alimentados? Quais empresas a instituição escolar contrata/contrata para as entregas? Qual é o cronograma que eles seguem?
44. Quais são as políticas de impressão e cópia? Quantas máquinas copiadoras existem na escola? Quantas cópias, coloridas e em escala de cinza, são permitidas por funcionário? Que empresa entrega o papel?
45. Para os funcionários da recepção: que expectativas informais existem para que você mantenha a cultura da equipe na escola?
46. Sua escola tem um centro de mídia ou biblioteca? Há um bibliotecário da escola empregado lá?
47. Sua escola tem algum assistente social ou psicólogo no local?
Perguntas para e sobre trabalhadores do ensino superior
48. Você trabalha para uma universidade ou faculdade pública ou privada? Um sistema diferente?
49. Você trabalha para uma escola ou programa profissionalizante?
50. Você é titular? Quais são as condições do seu mandato?
51. Você depende da instituição de ensino superior que o emprega para moradia?
52. Você é pago por meio de vários contratações?
53. Qual é a proporção de pesquisa versus ensino que se espera que você realize por meio de sua carga de trabalho?
Perguntas para e sobre trabalhadores de pré-escola e creche
54. Se você trabalha em uma creche/pré-escola, quais são as leis locais sobre cuidados infantis?
55. Você trabalha em uma creche/pré-escola certificada ou não certificada?
56. Seu local de trabalho é franqueado?
57. Se você trabalha em uma creche / pré-escola que também ensina alunos mais velhos, como você é tratado em comparação com colegas que trabalham com alunos mais velhos?
Perguntas para e sobre os funcionários da biblioteca
58. É uma única filial dentro de um sistema de bibliotecas em um grande centro urbano?
59. É uma biblioteca acadêmica, especial ou pública?
60. Você recebe autonomia significativa em seu trabalho? Você tem oportunidades de ajudar a desenvolver a programação da biblioteca?
61. Que programação sua filial de biblioteca oferece?
62. Você recebe autonomia na concepção de programação sem poder de decisão significativo ou recursos para implementação?
63. Se você trabalha em uma biblioteca escolar, houve alguma tentativa de cortar seus programas ou posição?
64. Como a administração avalia o desempenho? Alguma medida parece arbitrária?
Perguntas para e sobre os trabalhadores do museu
65. Como o museu é financiado? Recebe fundos públicos?
66. Seu museu cobra pela entrada? Quanto?
67. Em que tipo de museu você trabalha?
68. Qual é a área atendida pelo seu museu? É uma instituição de museu nacional? É um museu local para uma vila, cidade ou distrito?
69. Quais exposições e programas sua agência oferece ao público?
Perguntas para e sobre os alunos e membros da comunidade
70. Existem maus-tratos racistas, sexistas, homofóbicos ou preconceituosos contra você e seus colegas?
71. Você sente que é tratado como “matéria-prima”? Ou que a estrutura da sua escola se assemelha a uma linha de montagem de fábrica?
72. Onde estão as simpatias da comunidade local? Que recursos e apoio eles poderiam fornecer?
73. Que organizações comunitárias/cívicas simpáticas ou potencialmente simpáticas existem em torno da instituição?
74. Quais membros da equipe são simpáticos ou cúmplices de suas próprias causas e lutas?
75. Como mobilizar esses recursos e pessoas?
Perguntas sobre o arranjo e a estrutura do local de trabalho
76. Como o trabalho é dividido em seu local de trabalho? Quais departamentos existem? Você tem acesso a um organograma?
77. De onde vem a energia elétrica?
78. Quando e como os suprimentos são entregues? Com quais empresas a instituição contrata?
79. Como é gerenciado o embarque e desembarque dos alunos? É feito com segurança?
80. Indique o número de salas em que os vários ramos de produção são realizados. Desenhe um mapa do local de trabalho.
81. Descreva a especialidade em que você está envolvido. Descreva não apenas o lado técnico, mas a tensão muscular e nervosa necessária e seu efeito geral na saúde física e mental de você e de seus colegas de trabalho.
82. Descreva as condições higiênicas no espaço de trabalho; o tamanho dos quartos, espaço alocado a cada trabalhador e aluno, ventilação, temperatura, reboco, banheiros, limpeza geral, ruído de máquinas, poluição, umidade e assim por diante.
83. Existe alguma supervisão municipal ou governamental das condições de higiene no local de trabalho?
84. Existem riscos específicos que são prejudiciais para a saúde e produzem doenças específicas entre os trabalhadores?
85. Mencione os acidentes e incidentes ocorridos de seu conhecimento pessoal.
86. Existem dispositivos de segurança suficientes contra incêndio?
87. Você já recebeu pagamento de periculosidade?
88. Existe uma enfermeira ou outro profissional médico empregado em sua escola, biblioteca ou museu? Se você é um profissional médico, você tem EPI adequado fornecido? Quais são as condições do seu trabalho?
Dúvidas sobre a Matéria-Prima e Relacionamento com o Público
89. Se você trabalha em uma escola, quais são os níveis de matrícula de alunos?
90. Que problemas de comportamento são comuns entre os alunos?
91. Você acha que a administração já deixou os alunos fora do gancho quando não deveriam? Sua administração pune os alunos com muita severidade?
92. Quanto financiamento público e privado segue cada aluno para dentro do prédio?
93. Se você trabalha em uma escola particular, como são tratadas as admissões? Ajuda financeira? Existem desigualdades na forma como são geridas?
94. Se você trabalha em uma escola público-privada, como as pessoas são admitidas?
95. Se você trabalha em uma biblioteca ou museu, quantos clientes você pode esperar diariamente? Como eles são?
96. Existem policiais estacionados dentro ou ao redor de sua escola, biblioteca, museu ou arquivo? Como os clientes, alunos e membros da comunidade se sentem sobre sua presença?
97. A administração o obriga a implementar políticas com as quais discorda?
98. Sua administração o empurra ou abandona em situações perigosas com pais ou alunos?
Dúvidas sobre Agendamento e Horário de Trabalho
99. Quantas horas por dia você trabalha? Quantos dias por semana?
100. Você é pago por hora ou recebe um salário?
101. Você já levou trabalho para casa com você, chegou cedo ou ficou até tarde? Você é pago por essas horas?
102. Você trabalha nos fins de semana? Ou “voluntariamente” ou por compulsão?
103. Quantas férias você tem por ano? A administração da instituição tentou tirar ou reduzi-los?
104. Que pausas existem durante a jornada de trabalho?
105. Você toma as refeições em intervalos definidos ou irregularmente? Você come na oficina ou fora?
106. Você ou seus colegas de trabalho trabalham durante as refeições?
107. A instituição fornece infraestrutura adequada para refrigerar e aquecer as refeições que os trabalhadores fornecem em casa? A água está disponível para trabalhadores e estudantes? Em caso afirmativo, o que os trabalhadores e estudantes sabem sobre a qualidade da água?
108. Se você trabalha em uma escola, quando começa e termina o dia escolar? Quando se espera que os trabalhadores entrem? Existem diferenças entre os departamentos nos requisitos?
109. Se você trabalha em um museu ou biblioteca: quando você abre? Quando você fecha? Você tem que entrar antes ou ficar depois do horário formal de funcionamento da instituição?
110. Se você é professor: Você recebe períodos de planejamento? Existe uma diferença entre o tempo que você recebe e o tempo real que você pode gastar planejando a instrução?
Perguntas sobre acordos de emprego e remuneração
111. Que acordos você tem com seu empregador? Você está noivo por dia, semana, mês, etc.? Quais são os vossos termos e condições?
112. Quais são as condições impostas para a demissão do emprego?
113. Você é pago semanalmente, quinzenalmente, mensalmente ou em algum outro acordo?
114. Quais são os detalhes de quaisquer benefícios adicionais oferecidos pelo seu empregador, se disponíveis?
115. Seu pagamento já foi atrasado? Você já teve que entrar em cartão de crédito ou outras formas de dívida como resultado?
116. Como os cortes orçamentários afetaram a instituição em que você trabalha?
117. Os salários são pagos diretamente pelo empregador, por meio das agências de recrutamento, por outros meios?
118. Se os salários forem pagos por empreiteiros ou outros intermediários, quais são as condições do seu contrato?
119. Qual é o valor do seu salário em dinheiro por dia? A semana? O mês? O ano?
120. Quais são os salários dos trabalhadores mais marginalizados em sua loja?
121. Qual foi o maior salário diário no mês passado em sua loja?
122. Qual era o seu próprio salário durante o mesmo tempo, e se você tem família, qual era o salário do seu parceiro e dos filhos? Seu parceiro ganha menos, o mesmo ou significativamente mais do que você?
123. Os salários são pagos inteiramente em dinheiro ou de alguma outra forma? Seu chefe/administração já deu festas de pizza ou eventos semelhantes?
124. Quais são os preços das mercadorias necessárias? Uma calculadora de custo de vida (pesquise “calculadora de custo de vida” e você encontrará muitas opções) é um método fácil de obter uma noção aproximada dos níveis de preços em sua área.
125. Tente elaborar um orçamento semanal, mensal e anual de suas receitas e despesas para si e para a família. Você notou, em sua experiência pessoal, um aumento maior no preço das necessidades imediatas, por exemplo, aluguel, comida, etc., do que nos salários?
126. Quais são os salários da alta administração? Que bônus e benefícios extras eles parecem receber?
127. Muitas empresas de tecnologia, incluindo plataformas de comunicação e provedores de avaliações digitais, afirmam que facilitam o trabalho dos educadores. Quão verdadeiro é isso para você em sua experiência?
128. Muitas empresas de tecnologia também afirmam que ajudam os educadores a se tornarem mais produtivos. Quão verdadeiro é isso para você em sua experiência? Se você se tornou mais produtivo, você ou outros trabalhadores comuns receberam aumentos salariais como resultado?
129. Você conhece algum caso de aumento de salários como resultado de melhorias na produção?
130. Indique as mudanças nos salários que você conhece.
131. Houve algum aumento salarial em seu local de trabalho? Eles combinam com aumentos na inflação/preços?
132. Descreva quaisquer interrupções no emprego causadas por mudanças na moda e crises parciais e gerais como a Covid-19. Descreva seu próprio desemprego involuntário.
133. Você já conheceu algum trabalhador comum que poderia se aposentar do emprego aos 65 anos e viver com o dinheiro ganho por eles como trabalhadores assalariados? Há algum trabalhador que saiu da aposentadoria ou nunca se aposentou depois dos 65 anos em seu local de trabalho?
134. Quantos anos um trabalhador de saúde média pode estar empregado em sua função?
135. Se você tiver alguma deficiência que afete sua experiência diária no trabalho, você recebe alguma das acomodações necessárias? Quais são as leis sobre isso na sua área? Qual é o seu salário em comparação com outros trabalhadores?
136. Como é as pausas para o banheiro no trabalho e quais as consequências para a sua saúde.
Perguntas sobre resistência e retaliação no local de trabalho
137. Cite quaisquer casos conhecidos por você de trabalhadores sendo expulsos de esgotamento ou assédio de supervisores.
138. Existem associações de resistência, como sindicatos ou coletivos políticos, em seu local de trabalho ou setor educacional e como elas são lideradas? Eles são formais ou informais? Quão úteis você acha esses sindicatos ou coletivos políticos?
139. Quantas greves e outras ações diretas dos trabalhadores ocorreram em seu ofício ou indústria que você conhece?
140. Quanto tempo duraram estas ações diretas?
141. Eles foram para o objetivo de aumentar os salários, ou foram organizados para resistir a uma redução de salários, ou relacionados com a duração da jornada de trabalho, ou motivados por outros motivos? Resistir às privatizações ou à gentrificação? Algo mais?
142. Quais foram seus resultados?
143. Como os tribunais responderam a esses esforços?
144. As greves em seu ofício já foram apoiadas por greves de trabalhadores pertencentes a outros ofícios?
145. O que – se alguma coisa – os empregadores fizeram para impedir greves ou outros esforços de organização? Os empregadores já criaram suas próprias associações com o objetivo de reduzir os salários, prolongar a jornada de trabalho ou impor seus próprios desejos?
146. Os órgãos governamentais que regulam sua instituição agiram para impor políticas sobre a oposição dos trabalhadores?
147. Quais são as leis sobre assuntos como raça, gênero e sexualidade em sua localidade? Os trabalhadores da educação foram alvo por falar sobre esses assuntos? Alguém se autocensurou em resposta a essas leis? Alguém desrespeita essas leis?
148. Quão duro o governo parece trabalhar para chamar a atenção e fazer cumprir as leis e regulamentos que restringem os trabalhadores? E em comparação com o quão duro eles trabalham para chamar a atenção e fazer cumprir leis e regulamentos que restringem os empregadores e capacitam os trabalhadores?
Esperamos contrar, neste trabalho, com o apoio de todos os trabalhadores da cidade e do campo que entendem que só eles podem descrever com pleno conhecimento as desgraças que eles sofrem e que somente eles, e não salvadores enviados pela providência, podem energicamente aplicar a cura dos remédios para os males sociais que estão sofrendo. Nós também dependemos dos socialistas de todas as tendências que, sendo desejosos de uma reforma social, devem desejar um conhecimento exato e positivo das condições em que a classe trabalhadora – a classe a quem o futuro pertence – trabalha e se movimenta.
( Trecho do “O Inquérito Operário” de Karl Marx, publicado na La Revue socialiste em 20 de abril de 1880)