6 mitos sobre a ação sindical – Notas da Suécia

Este artigo foi publicado em sueco em 28 de abril de 2021 no jornal sindical Arbetaren. Ele foi traduzido para a Libcom pelo autor em inglês. Posteriormente, foi publicado pelo Industrial Worker em uma versão ligeiramente diferente. Em 2024 ele é traduzido ao português pelo Arquivo Lucy Parsons.

Por Rasmus Hästbacka, membro do Umeå Local do SAC.


Antigamente, o 1º de maio era o dia dos trabalhadores. Há muito tempo é o dia de alguns partidos. Portanto, geralmente sou um homem mal-humorado que fica em casa no dia 1º de maio.

Eu costumava sonhar em transformar o 1º de maio em um dia de comemoração para os sindicatos independentes. Mas o mais importante, é claro, é transformar o maior número possível de dias da semana em dias dos trabalhadores. Como? Por meio da organização e da luta sindical. É aí que reside a esperança de uma vida profissional e de uma sociedade mais humana.

Existem alguns mitos sobre o trabalho sindical que são muito difundidos no mercado de trabalho sueco. Estou pensando em seis mal-entendidos em particular. Eles são devastadores para o trabalho sindical.

1

O primeiro mito é que o negociador do sindicato é o salvador. Essa é a noção de que negociadores habilidosos podem conseguir grandes vitórias para o coletivo de trabalhadores. É como um time de futebol sentado na arquibancada esperando que o técnico vença as partidas. A coesão e a pressão do chão de fábrica dão força à mesa de negociação. Sem a pressão do chão de fábrica, haverá pouco ou nenhum resultado.

2

O segundo mito é que o super-homem da equipe é o mais forte. Essa é a noção de que os lutadores sindicais são machões de meia-idade que batem com os punhos na mesa. Mas a força do sindicato não se baseia na “dureza” individual, mas nas boas relações entre os colegas. Todos são vulneráveis, e é por isso que os sindicatos são necessários. Nós nos tornamos fortes quando criamos comunidade e confiança no trabalho.

3

O terceiro mito é que o trabalho sindical deve ser conduzido por profissionais pagos ou ativistas que sacrificam todo o seu tempo livre. Não, você e seus colegas são os verdadeiros especialistas. Você conhece seu trabalho, conhece o local de trabalho e pode encontrar maneiras de avançar. O trabalho sindical deve ser realizado principalmente durante o horário de trabalho1. A educação e o treinamento sindical são para todos os trabalhadores, e não algo que um grupo de ativistas ou profissionais deva ter o monopólio.

4

O quarto mito é que a Lei é uma varinha mágica. Desde que se conheça a lei e se lancem advogados contra os empregadores, é possível garantir boas condições de trabalho. Não. A legislação trabalhista é basicamente uma proteção da posição superior dos empregadores. Em alguns casos, as leis podem ser usadas como proteção contra os ataques dos empregadores, mas, acima de tudo, é a pressão coletiva dos trabalhadores que faz a linha de frente avançar.

5

O quinto mito é que o maior sindicato é o melhor sindicato. Não, não necessariamente. O maior sindicato pode ser uma casca vazia ou uma burocracia morta. Não nos tornamos fortes por termos muitos colegas de trabalho no mesmo registro de associação. Nós nos tornamos fortes quando muitos colegas de trabalho se unem e agem juntos. O melhor sindicato é, portanto, a organização que promove a coesão e a ação coletiva dos trabalhadores. É uma organização baseada na democracia dos membros, na solidariedade no trabalho e na ação independente. Assim, os membros têm o sindicato por trás deles e o poder de decisão em suas mãos.

6

O sexto mito é que as greves são a única ou a melhor arma dos trabalhadores. O argumento é que as greves prejudicam as finanças dos proprietários de empresas. Consequentemente, a ação sindical no setor público é, em grande parte, sem sentido. É verdade que as greves afetam as receitas dos empregadores privados, mas não afetam os empregadores públicos da mesma forma. Entretanto, os trabalhadores podem pressionar os empregadores públicos mesmo que não ataquem as carteiras particulares dos gestores. Um exemplo poderia ser as greves de “sit-in” dentro dos escritórios da gerência. Trabalhadores criativos também encontram alternativas à greve. Quanto maior for a caixa de ferramentas do sindicato, melhor.

Quero incentivar todos os organizadores e administradores sindicais a eliminarem os seis mitos de seus locais de trabalho. A principal fonte de força sindical é o fato de os colegas se manterem unidos e agirem em conjunto. É claro que é valioso ter negociadores e advogados competentes, companheiros remunerados e ativistas que dão apoio. Mas esses recursos são um complemento (e não um substituto) para a luta da própria equipe.

  1. É claro que, se os trabalhadores estiverem sendo monitorados, a conversa sobre o sindicato deve ocorrer durante o tempo livre, não durante o horário de trabalho. ↩︎

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